Rispa no céu um clarão,
Raio atiça as palhas,
Fumaça e fogo se espalha,
Na dança da morte,
Na cova da sorte,
Dos que se foram
E restam esqueletos...
Ser tão guerreiro no sertão
Ser tão cristão e esperar milagres,
Sertão sem coração
Sem verde, só fogo...
E tempo traz uma fria brisa,
Nuvens em caravana escurece o dia,
Derrama o céu o misto de socorro,
Apagando o resto de fogo...
Dias passam relva aparece,
Cactos brotam e volta o cerrado,
Animais sobreviventes e agradecidos,
Voltam a caminhar no pasto,
Graúna, velha ave canta
Aquela canção que só ela sabe,
Deus nos fortalece na estiagem
E nos renova na rara chuva
Esperança enfim prevalece...
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